I had the honor of being the curator of a retrospective exhibition about the artist Gonçalo Malato (1995-2021), at Fundação Cidade de Lisboa (15-21 December 2022). For additional information and documents, please check Fundação Cidade de Lisboa
A Fundação Cidade de Lisboa apresenta de 15 a 21 de dezembro a exposição de Gonçalo Malato “Manipanzo O Outro Eu”
As cores vibrantes e as texturas marcam a obra do artista Gonçalo Malato. Um ensaio permanente sobre sentimentos e energia. Parte da sua obra de mais de 300 quadros é agora exposta na Fundação Cidade de Lisboa, numa exposição póstuma, já a partir dia 15 de dezembro.
A exposição “Manipanzo o outro eu” de Gonçalo Malato, será inaugurada no próximo dia 15 de dezembro, na Fundação Cidade de Lisboa, no âmbito do primeiro ano decorrido do falecimento do artista e tem como objetivo dar a conhecer ao público parte da sua obra.
Com a curadoria de Carmen Bioque Zurita, historiadora de arte e amiga do artista, a exposição conta ainda com a participação de Eric Corne, conceituado artista e curador, fundador do Centro de Arte Contemporânea em Paris le Plateau e curador de várias exposições, entre elas no Museu Coleção Berardo em Lisboa, no MASP em São Paulo, no IVAM Valência expondo Maria Helena Vieira da Silva e Joaquin Torres Garcia. A exposição conta também com a participação de Rita Lougares, directora e conservadora do Museu Coleção Berardo e de Maria João Mântua, designer de exposição.
De acordo com Carmen Bioque Zurita, curadora de exposição, destaca de Gonçalo “a sua inteligência na hora de utilizar a cor. Em todas as obras de Gonçalo Malato há um equilíbrio de cores e volumes que dirige o olhar do espectador do detalhe ao geral e vice-versa, de forma circular. Adivinham-se diferentes momentos de alguma forma polarizados: da agitação à calma, do arrebatamento ao caos e depois à ordem”.
Gonçalo Malato nasceu a 12 de janeiro de 1995. Licencia-se em Gestão pela Universidade Nova de Lisboa, mas nunca exerce a sua profissão, dedica-se desde sempre à pintura que é a sua verdadeira paixão. Tem qualidades fantásticas, é alegre, divertido e com um sentido de humor único, para ele cada pessoa é especial, defende os frágeis, os diferentes e vê a beleza interior das pessoas sem se preocupar com o exterior. Odeia formatações e detesta a falsidade e a hipocrisia da sociedade. Sonha com um mundo diferente em que o dinheiro não seja o veículo por onde tudo se move. Tem uma cabeça muito especial e um coração enorme, sofre em silêncio pela forma como vê o mundo. A 9 de dezembro de 2021 o seu sofrimento termina, com apenas 26 anos.
Carmen Bioque Zurita:
”Gonçalo Malato domina o traçado do mais meticuloso e pausado até ao mais agitado e violento. Fluidez, rapidez e também momentos de pausa, para entender o essencial da composição e aí se deter. Há um impulso abstrato em tudo o que faz Gonçalo Malato, mas é uma abstração que se torna orgânica, que procura a figura, que a roça e acaba por a construir quase por casualidade. Se nas primeiras vanguardas a abstração é realizada a partir duma desconstrução da referência do natural, em Gonçalo Malato produz-se o caminho inverso: da ausência de referências do natural nasce uma abstração que acaba por tomar forma figurativa”.
Rita Lougares:
“Na sua obra, está patente uma constante rebelião contra toda a forma categórica de convenção artística rígida. A sua produção artística era diversificada e aberta ao mundo, que explorava através de associações de ideias e derivas. As suas diferentes séries de trabalhos, de períodos distintos, expõem um questionamento sobre a forma, a técnica e a cor, numa procura continua no seu processo artístico.” … “Sentimo-nos tentados a procurar os olhos anteriores que viram o que nos é dado agora a ver. Baralham-se as noções de abstrato e do real, fazendo com que se reconheça, na obra, uma presença na ausência.”
Eric Corne:
“O trabalho de Gonçalo Malato expressa sentimentos e uma energia em bruto. Ele dá liberdade às cores e ao traço, indo ao encontro de toda a pintura gestual do século XX. Na sua pesquisa, Gonçalo Malato mantém este imperativo de que o semelhante nos engana e que só o irrisório, o grotesco, o implausível pode agarrar uma coerência para o mundo - de estar no mundo. Esta permanente maravilha do "fazer" através do gesto, de pintura ou de escultura e este desejo obstinado, existencial, de deixar aparecer formas e ritmos, cores e luzes, testemunham que Gonçalo Malato foi definitivamente um artista.”